“Caminhos para a Autonomia Plena” é o tema dos eventos que aconteceram em Caldas Novas–GO, de 13 a 16 de agosto.
A Federação Nacional das Associações Pestalozzi – Fenapestalozzi, promoveu o primeiro Fórum Regional de Autodefensores do Movimento Pestalozziano e Encontro Regional de Famílias do Movimento Pestalozziano da região Centro-Oeste. De 13 a 16 de agosto, a cidade de Caldas Novas–GO recebeu o maior evento de promoção da autonomia e dos direitos das pessoas com deficiência.
Sob o tema “Caminhos para a Autonomia Plena”, os eventos receberam cerca de 300 pessoas com deficiência intelectual e múltipla atendidas e seus familiares, representando as Associações Pestalozzi do Estado de Goiás: Bela Vista, Catalão, Goiânia, Professor Jamil, Senador Canedo; do Estado de Mato Grosso: Alto Taquari, Cotriguaçu, Cuiabá, Jaciara, Juína e Várzea Grande; do Estado de Mato Grosso do Sul: Aquidauana, Ribas do Rio Pardo, Campo Grande, Terenos e do Distrito Federal.
Para a presidente da Fenapestalozzi, Ester Pacheco, estes eventos são significativos da emergência de uma mobilização diferente na luta pela defesa e garantia de direitos das pessoas com deficiência na região que é o “coração do país”. Como o lema do Movimento Nacional Pestalozziano de Autodefensores, o Monpad, diz, “Nada sobre nós sem nós”, ou seja, trata-se do pensamento e da postura ética em que os autodefensores devem participar de todas as decisões que digam respeito às políticas públicas, à vida, à cidadania e à independência de suas vidas.
“Emocionante presenciar os autodefensores da Região Centro-Oeste e os familiares acompanhando as palestras também. Estes Fóruns e Encontros regionais têm sido eventos magníficos que transcendem a alegria e o protagonismo de todos os autodefensores. Realizamos as edições da região sudeste, em Guarapari (Espírito Santo), do norte, em Manaus (Amazonas), e chegamos com maestria à Região Centro-Oeste!”, avalia Ester.
Nos quatro dias de evento, foram abordados temas como o Combate ao Capacitismo; Projeto de Vida; Qualificação e Inserção de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho; Benefício de Prestação Continuada (BPC); Estratégias para Fortalecimento do Protagonismo, além de orientações sobre como acessar políticas e programas socioassistenciais. Somada à programação formativa em direitos da pessoa com deficiência, o evento promoveu momentos de lazer e de fortalecimento de vínculos por meio de oficinas e intervenções de etnomúsica, conduzidas pelo voluntário, músico e produtor, Kerby Torres.
Os eventos têm percorrido todas as regiões do país, visando promover debates, facilitar o acesso à informação sobre os direitos das pessoas com deficiência, oportunizando a autonomia e o protagonismo dos autodefensores. Além disso, são realizados momentos dedicados aos familiares, nos quais há a troca de experiências e orientações sobre como a atuação da família pode conciliar o afeto positivo e o cuidado com a promoção da autonomia e vida digna das pessoas com deficiência.
“É importante ser autodefensor para defender a autonomia”
A autodefensoria do Movimento Pestalozziano é uma iniciativa que visa propiciar às pessoas com deficiência intelectual e múltipla atendidas pelas Associações Pestalozzi de todo o país o espaço e o apoio necessários para poderem apresentar suas ideias, seus desejos e sonhos. Isto é, independentemente do projeto de vida que os atendidos tenham, o papel das organizações é atuar como facilitadoras para que estes acessem às políticas públicas, ampliem seus direitos e conquistem novos horizontes.
De norte a sul do país, os atendidos elegem, entre os pares, os representantes que vão atuar em órgãos de participação e controle de políticas públicas. “É importante ser autodefensor para defender a autonomia”, diz a autodefensora Nacional do Monpad, de Camaçari–BA, Maria da Conceição.
Neste sentido, ambos os eventos, Fórum Regional de Autodefensores e o Encontro Regional de Famílias do Movimento Pestalozziano congregam esta iniciativa de autorrepresentação das pessoas com deficiência no país e fazem das diferentes experiências regionais e locais, a vitrine e a ponte para novas possibilidades de vida.
“Ser autodefensor, ao menos, para mim, é correr atrás dos meus direitos e dos direitos dos outros colegas que estudam com a gente. E também, a gente vê muito, que a nossa cidade precisa de mudança para os nossos colegas, tipo, calçadas e acessibilidade”, afirma a autodefensora Jéssica Fabiana Batista, de Cotriguaçu–MT.
O papel da família na autonomia da pessoa com deficiência
Para a autodefensora de Bela Vista de Goiás–GO, Vanderli Cândida de Sousa, é muito importante que os familiares participem desses momentos de discussão sobre direitos e a autonomia da pessoa com deficiência.
“É muita emoção, muita gratidão a Deus por nós estarmos aqui nesse Fórum. É o primeiro Fórum que está acontecendo assim, junto com a família, né. Trazendo a família para “dentro”, nos acompanhando. Nós precisamos muito da família estar unida conosco, para poder estar aprendendo e entendendo que nós [pessoas com deficiência] precisamos ter voz ativa” analisa a autodefensora.
“Acho bom a família estar junto. É bom que a gente vai aprende mais. Eu aprendi bastante!”, disse Marcelo Siqueira, autodefensor de Brasília–DF.
As pessoas com deficiência são as protagonistas não apenas dos eventos realizados pela Federação, mas de todas as áreas da vida social e na comunidade em que estão inseridas. Para a presidente Ester Pacheco, atuar em conjunto com as famílias e rede de apoio é essencial para que as ações de autodefensoria e autogestão tenham o êxito necessário.
“Nós sempre trabalhamos com um verbo muito importante para o Movimento Pestalozziano: o “acreditar”. É preciso acreditar que as pessoas com deficiência são capazes, que elas conseguem ter uma vida plena e lutar pelos seus direitos. Nós aqui, junto aos familiares, temos que atuar como aliados, como ponte para que as pessoas com deficiência possam viver seus sonhos”, afirma Ester.
Lei Brasileira de Inclusão e a garantia de direitos
Conforme o Artigo 2º, “considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
Para a vice-presidente da Fenapestalozzi, Carminha Agostini, este é um momento histórico importante de consolidação e ampliação de direitos das pessoas com deficiência. Carminha relembra o papel desempenhando pelas organizações pestalozzianas no país.
“Daqui a dois anos estaremos completando 100 anos de Movimento Pestalozziano no Brasil. É um movimento que iniciou o atendimento da pessoa com deficiência intelectual e múltipla no Brasil, em 1926. É um orgulho imenso seguir nesta luta”, diz.
“Rede socioassistencial privada como uma estrutura complementar muito importante e potente para materializar o direito à assistência social, especialmente a essa população de pessoas com deficiência intelectual e múltipla”, explica a diretora.