Região metropolitana do Cariri foi palco para promoção da autonomia de pessoas com deficiência intelectual e múltipla, e familiares assistidos pelas Associações Pestalozzi.
A Federação Nacional das Associações Pestalozzi — Fenapestalozzi, realizou, de 5 a 8 de novembro, o primeiro Fórum Regional de Autodefensores do Movimento Pestalozziano e o Encontro Regional de Famílias do Movimento Pestalozziano da Região Nordeste. Sob o tema “Caminhos para a Autonomia Plena”, a cidade de Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, recebeu cerca de 280 pessoas com deficiência intelectual e múltipla atendidas e seus familiares. Estes eventos contaram com o apoio do Governo Federal por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Ministérios dos Direitos Humanos e Cidadania.
Confirmaram presença as organizações Pestalozzi dos Estados da Bahia, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Alagoas e do Estado anfitrião, o Ceará.
Para a presidente da Fenapestalozzi, Ester Pacheco, cada pessoa com deficiência é única e tem o direito de escolher a maneira como planeja viver a própria vida, como construir seus sonhos. Este movimento de autoconhecimento e projeto de vida, para Ester, é um dos indícios mais evidentes da construção da autonomia daquelas pessoas que, até bem pouco tempo, eram privadas de terem seus desejos e vontades atendidas.
“A felicidade para cada um ela não tem receita. Eu tenho que procurar encontrar a minha. É se perguntar ‘o que me deixa feliz?’ E fazer!”, aconselha a presidente.
DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA PRÁTICA E NO DISCURSO
Nos quatro dias de eventos, os participantes puderam experimentar encontros com realidades ao mesmo tempo, distintas e muito próximas às suas.
Em termos contextuais, no Brasil, as práticas capacitistas são fortemente enraizadas na sociedade e, por vezes, assumem ares consolidados na cultura de comunidades inteiras. Neste sentido, as intersecções de raça, classe e gênero das pessoas com deficiência tornam a luta por direitos fundamentais das pessoas com deficiência ainda mais desafiadora.
No entanto, o movimento Pestalozziano segue acreditando que há outra vida possível, com mais equidade e justiça social. Este é o horizonte de atuação das mais de 180 Associações Pestalozzi do Brasil.
“Eu aprendi que para ser um autodefensor tem que lutar pelos seus direitos, lutar pelas pessoas com deficiência, ter autonomia [oportunidade] no mercado de trabalho, trabalhar, ser independente, dono do meu próprio dinheiro. Porque eu trabalho, né? Eu sou microempreendedor, eu trabalho com salgado. Eu vendo salgado na praia em Arembebe. Eu sou microempreendedor, mas futuramente eu quero ser um empresário”, deseja o autodefensor Gilson Fonseca, de Camaçari–BA.
Visando conscientizar os participantes e muni-los de conhecimentos acerca de direitos e garantias legais a que têm direito, a Fenapestalozzi promoveu palestras, oficinas e rodas de conversa sobre o Combate ao Capacitismo; Projeto de Vida; Qualificação e Inserção de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho; Estratégias para Fortalecimento do Protagonismo, além de orientações sobre como acessar políticas e programas socioassistenciais.
REDE DE APOIO E ESCUTA QUALIFICADA PARA AS FAMÍLIAS
As coordenadoras Nacionais de Famílias, Antonieta Bonifácio e Cícera Lopes, realizaram um trabalho dedicado junto aos familiares dos autodefensores de todas as regiões do país. Nessa etapa final, na Região Nordeste, elas rememoraram as conquistas e especificidades de cada etapa.
“Encerramos uma jornada linda que atravessou as cinco regiões do Brasil. Como foi importante encontrar com as famílias, os autodefensores. Foram momentos de muito aprendizado, de trocas, de experiências, de encorajamento!”, diz Cícera Lopes.
Para Antonieta, o sentimento de realização ao finalizar os ciclos regionais com as famílias se dá no encontro com o desafio de direitos a serem alcançados. “Muitas conquistas, mas muito ainda tem que ser feito. Há muito trabalho e muitos desafios pela frente. Mas esse encorajamento, de nós trabalharmos em equipe, de trabalhar com a família, com a pessoa com deficiência, com os diretores, com os dirigentes. Uma equipe que torna a família pestalozziana cada vez mais forte“, finaliza.
“Fomos muito bem acolhidos! Nós vivemos em um pedacinho de muita alegria, de muita harmonia. Nós mães precisávamos desse carinho. Foi de grande importância para todas nós. Trocamos telefones, trocamos experiências, vimos o quanto erramos; vimos o quanto acertamos; vimos o quanto precisamos aprender, né, vimos que o aprendizado é constante e foi magnífico”, afirma Mônica Mendonça, familiar de pessoa com deficiência atendida por uma organização Pestalozzi.
Ester Pacheco, celebra a grandiosidade desses eventos com a alegria e coragem de que o êxito das realizações se devem ao compromisso de todos os agentes, profissionais, autodefensores e familiares, que formam a comunidade pestalozziana.
“Coroamos as ações da Fenapestalozzi em 2024 com esse belíssimo evento Região Nordeste! Estes eventos vieram trazendo a riqueza a grandeza de cada uma das regiões. Com a alegria, a aproximação das afiliadas, dos nossos atendidos, autodefensores e familiares. A gente fecha o trabalho com a chave de ouro, né, agradecendo a região pela recepção, pelo envolvimento, pela aproximação! E junto chegaremos ao centenário fazendo a diferença na vida das pessoas!”, celebra Ester Pacheco.
Momentos culturais abrilhantam o protagonismo dos autodefensores da Região Nordeste. Foto: Reprodução Fenapestalozzi.